MAMA


personal
year
2014
role

Photography

As a ritualistic form to say goodbye to her breasts and to prepare herself for a double mastectomy I've made with my mom - diagnosed in the beginning of 2014 with breast cancer -, a photo essay about her breasts, the day before her surgery. The last moments before the mutilation, before one of her femininity symbols, her motherhood, her vanity, being taken away, while we explored the sad nature of our bodies, alongside with the nature of our home. At the backyard, close to the nightfall, with extremely low light and all of the fear and uncertainty that would come after the dawn, me and my mother exposed ourselves, on a multiple trade of emotions, a search to understand what we were feeling and how we were going to portray ourselves before the future. More than photos of a goodbye, the images capture all the weight, the fear and the unattachment we were feeling at the time. Me, not knowing how to handle with words; she, not wanting to be seen as vulnerable. So she imposed herself and stood strong, posed on an effort to portray not only her pain, but her strength. Photography is an agressive thing, it intimidates. Only happy moments should be portrayed, only the smile - and not the pain - should be eternal. Photography uncertainty inevitably a weapon. It hurst, but also protects. Protects as long as attacks, as long as shows how the pain that turned our world upside down was, at the end, flipped by her strenght. More than a register: souvenir. Souvenir of strength, souvenir of a woman. Souvenir of Mama.
Como forma ritualística de dar adeus aos seios antigos e se preparar para uma dupla mastectomia, realizei, com minha mãe - diagnosticada no início de 2014 com câncer de mama -, um ensaio fotográfico de seus seios, um dia antes da cirurgia. Os últimos momentos antes da mutilação, da retirada de um de seus símbolos de mulher, sua maternidade, sua vaidade, enquanto explorávamos a triste natureza de nossos corpos, com a natureza de nossa casa. No quintal, ao fim do dia, com escassa iluminação e todo o medo e incertezas do que viria após o amanhecer, eu e minha mãe nos expômos, numa troca múltipla de emoções, uma busca para entender o que sentíamos e como iríamos nos portar perante ao futuro. Mais do que fotos de um adeus, as imagens registram todo o peso, o medo e o desprendimento que estávamos sentindo na hora. Eu, não sabendo lidar com palavras; ela, não querendo se mostrar vulnerável. Se pôs forte e imponente, posou, numa tentativa de registrar não apenas sua dor, mas sua força. A fotografia, sim, agride; a fotografia intimida. Apenas momentos felizes devem ser registrados, apenas o sorriso - e não a dor -, deve ser eternizado. A fotografia é, inevitavelmente, arma. Ela agride, intimida, mas também protege. Protege à medida em que ataca, em que mostra que a dor que virou nosso mundo, foi no fim virada pela força dela. Mais do que registro: souvenir. Souvenir de força, souvenir de mulher. Souvenir de mama.



© Miguel Soll — all rights reserved, 2022